Com fotos de Rildo Amorim
Foi uma noite célebre no Café com Afeto, a Educação e o Ensino foram apresentados de forma aprofundada, com todas suas nuances, do passado, presente e futuro. Os convidados Gilberto Fraga de Melo, Doutor em Educação, e a pedagoga Daniele Stefanini emprestaram a vasta experiência deles numa análise criteriosa sobre a Educação na Contemporaneidade, tema da noite.
Foi uma noite célebre no Café com Afeto, a Educação e o Ensino foram apresentados de forma aprofundada, com todas suas nuances, do passado, presente e futuro. Os convidados Gilberto Fraga de Melo, Doutor em Educação, e a pedagoga Daniele Stefanini emprestaram a vasta experiência deles numa análise criteriosa sobre a Educação na Contemporaneidade, tema da noite.
O apelo, tanto dos
palestrantes, quando do público presente, é por uma formação baseada em
humanidade, criatividade e sensibilidade. Outro consenso do Café com Afeto é
que ética se aprende em casa e que a família anda terceirizando a educação dos filhos para a escola.
O encontro filosófico frisou
que o papel da família é educar e da escola é ensinar. “A família precisa colaborar
com a educação dos filhos, não lhe cabe somente o papel da cocriação, mas do
afeto, do apoio incondicional, da orientação”, enfatizou inúmeras vezes a
pedagoga Daniele Stefanini.
O Café com Afeto foi
idealizado por Isolda Risso, que realizou sua quarta edição no Museu de Histórico de
Mato Grosso. O evento, realizado toda última quinta do mês, é no formato café
filosófico, onde os convidados fazem suas ponderações e contam com perguntas do
público. “O formato está consolidado, estou muito realizada com os resultados
positivos e o nível bom das discussões nestas quatro edições”, comemorou Isolda.
Isolda Risso |
Gilberto Fraga fez um relato
histórico do acesso à escola no Brasil, destacando que a universalização ao
ensino só ocorreu na década de 90, mas lembrou um número preocupante: “No
Brasil ainda temos 3% das nossas crianças sem frequentar a escola, o que
significa três vezes a população de Cuiabá fora da escola, ou seja dois milhões
de pessoas”, informou.
Gilberto Fraga |
Educação contemporânea? Na
visão de Gilberto Fraga, estão ultrapassados os instrumentos utilizados há mais
de século para ensinar nas escolas, tanto públicas, quanto privadas.
“Precisamos de mudanças paradigmáticas. Valorizar ao extremo o livro didático
acomodou nossos professores, inibiu a criatividade deles, porque ficaram muito
apegados ao conteúdo editorial, se distanciando da realidade de vida do aluno”,
alertou. Ele também citou a dificuldade dos professores egressos das
universidades em fazer a transposição da teoria para a prática.
Dividir os alunos entre os que
sabem e os que não sabem foi outra preocupação demonstrada por Gilberto Fraga,
que citou Paulo Freire para reforçar sua tese: “O aprender antecede o ensinar”.
Para Fraga, o aprender, sempre será o mais importante, deixando claro que o
centro das atenções dever ser o aluno e não o professor, como ocorre no formato
tradicional do ensino brasileiro.
Como tenho me relacionado como
pai e mãe? Assim a pedagoga Daniele Stefanini começou a fala. “Hoje os papéis
se inverteram, os filhos são colegas dos pais, não, eles precisam ser amigos e
ter uma relação consensual, amorosa e reflexiva”, ponderou. Ela defende uma
hierarquia saudável, não uma relação rígida e intransigente.
“Estamos adultecendo nossos
filhos e achando bonito. A vida passou a ser um turbilhão para as crianças, se
na primeira escola da vida, a família, não nos olhamos e não nos tocamos, como
esperar um comportamento adequado na escola tradicional?”, indagou Daniele, que
também defende planejamento e rotina para os alunos.
Daniele Stefanini |
De toda a
intensidade desta edição do Café com Afeto, uma certeza ficou clara: a boa e próxima convivência com os filhos é
fundamental para ajudar a melhorar o ensino. Como bem retratado por um poema de
Affonso Romano, intitulado “Antes que eles cresçam”, lido por Daniele
Stefanini, que emocionou os convidados.
Alguns dos trechos
do poema: “Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos
próprios filhos. É que as crianças crescem. Independentes de nós, como
árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Mas
não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente.
Deveríamos
ter ido mais vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir sua alma
respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os
adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, pôsteres e agendas
coloridas...
Elas
cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto. Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam”!
E
se eles forem amados plenamente terão uma profissão garantida no futuro:
“ser feliz”, desejo revelado pelo Artur, de quatro anos, filhote da Gabriela Mazetti,
relato bonito feito no encontro filosófico. O sonho dele foi dito e
reforçado várias vezes na escola, com ênfase, ao ser questionado sobre qual profissão deseja ter no futuro. E essa profissão começa agora, antes que eles cresçam!
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