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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Do professor Renato para a amiga Helena Bruxa!

A gente sabia que ela era um ser mais que queridos destas paragens. A saudade bate forte e as pessoas começam a revelar seus segredos do coração em relação à nossa amiga Helena Bruxa que fez a brincadeira de nos deixar órfãos no último sábado, órfãos da alegria dela, da inteligência, enfim..

Veja que bela e sincera do amigo professor Renato para ela!




 Texto de professor Renato, Colégio Master

Seu nome, Helena Maria Gonçalves. Seu apelido, Bruxa. Nunca foi santa, desde os tempos em que agitava a Escola Técnica. Gostava do apelido e mostrava com so...
rriso largo uma foto de infância em que segurava uma dessas vassouras de bruxa. Certa vez os alunos fizeram para ela um gigantesco caldeirão. Ela nos levava, a todos, para vê-lo, ria e falava da capacidade “desses meninos...” e ria. Sempre acreditou nos seus meninos. Vibrava por eles, a cada conquista. Mas em sala de aula batia duro, em especial em quem viesse com discurso reacionário. E dá-lhe Hobsbaum...

Dos sobrinhos ela sempre falou com orgulho de tia zelosa e os chamava de “... os meninos do Dorival...” a cada conquista do Dorivalzinho – ela o chamava assim mesmo depois que ele ficou muito maior que ela – e da Carol, seus olhos brilhavam e nós, os amigos, tínhamos o relato completo e, nos olhos, um brilho especial. Corujice pura.

Não foi zelosa apenas na família, mas também nas amizades que soube cultivar como ninguém e ela, por vezes tão barulhenta com seu grande sorriso, sabia como poucos ser discreta para com os outros e para com si mesma. Ao conhecer Diego afastou-se um pouco dos amigos mais próximos para dar um tempo a ela e ele poderem ser de verdade um casal. Talvez porque não quisesse que fossem vistos como uma aventura. Construíram um amor muito lindo de se ver. Coisa para admirar mesmo.

Várias vezes ao conversar comigo, entre um sorriso e outro, me falava da simplicidade em que vivia. Nunca quis ser milionária, a não ser em amizades. Mas tinha algo em que ela não economizava: o prazer da boa mesa. Boa cozinheira – sabe como é... as bruxas são boas com os caldeirões – reunia os amigos em casa ou na casa deles e nos presenteava. Será impossível a partir de agora comer um Arroz de Braga sem lembrar de você, e chegar à conclusão de que o seu era melhor. E quando bebermos um bom vinho celebraremos um brinde a você, mesmo que em silêncio.

Quando Mário de Andrade morreu, Manuel Bandeira dedicou-lhe um poema em que dizia ser impossível naquele momento sentir a falta do amigo porque não haviam se despedido... Talvez por fraqueza minha preferi não ficar muito próximo, mas vibrava como criança a cada vitória sua com os infinitos tratamentos que você fez, ou a cada visita sua ao colégio, quando então conversávamos e podíamos rir como sempre. Nestas horas eu acreditava que você, grande guerreira, venceria, porque tudo indicava que assim seria.

Você minha amiga, transbordava tanta vida que nos iluminava a todos, e agora vejo que seu apelido de bruxa nunca foi mais apropriado. Descobrimos todos que ao longo desses anos fomos encantados por você, querida parceira. Neste dia vinte e cinco de agosto você, por fim, encantou-se, e se afastou de nós por um tempo... Até mais, benhê!

Um comentário:

  1. Esse texto é a cara dela,simples, claro e forte. Não me foi em vão na alma, lágrimas brotaram tamanha emoção e pesar. Quase pude ouvir muito longe um "Benhê"...
    Terezinha Squillace.

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