O
telefone toca... Atendo e vou logo dizendo:
-
“Oi bela, saudades de você, sua sumida!
Do
outro lado da linha uma voz chorosa responde: “Amiga, o que acontece que só
atraio homens errados para mim?
Me
esforcei para encontrar uma palavra que pudesse
acolher aquele coração sofrido, mas a única coisa que saiu foi : “não
sei ”. Isso é resposta que se dá a uma amiga que busca sua ajuda?
“Adoraria
te dar a receita do bolo, ter o poder de sumir com sua dor, mas o que posso é
tentar junto contigo entender o que se passa. Da última vez que nos falamos
você estava tão feliz, tão confiante na relação. O que houve? Indaguei.
Ainda
chorosa, minha amiga foi relatando sua última
frustração amorosa. Conforme a ouvia, a imagem de uma casa em desordem começou
a se formar e tomar corpo em minha mente.
Sem
pedir licença e ter absoluta clareza
onde eu queria chegar, a interrompi com a seguinte indagação: - Há quanto tempo
você limpou sua casa?
-
O quê ?
-
Há quanto tempo você fez faxina na sua casa?
-
“PQP” eu aqui falando algo que está acabando comigo e você vem com essa de faxinar casa. Que foi, esqueceu de tomar o
remedinho?
-Esqueci
não, pode brigar comigo, mas antes me responda: “Há quanto tempo você deu uma geral em casa?
-
Muito a contragosto, a bela do outro lado me disse que há mais ou menos três
semanas ela e a ajudante colocaram a casa abaixo, deixando tudo absolutamente
limpo e organizado. Ela relatou ainda que durante a faxina tirou do armário
algumas roupas que não estavam lhe servindo mais, outras que havia enjoado,
enfim... essas coisas que fazemos de vez em quando.
“Então, bela, agora me responda: há quanto
tempo você não dá uma geral dentro de você”? Há quanto tempo você não examina suas crenças,
revê suas verdades, o que te valia ontem continua valendo para hoje?
Nossa conversa seguiu nessa linha. Eu ouvia e
falava, as palavras surgiam meio que instintivamente, sendo útil para as duas.
Não
consegui dar uma resposta para minha amiga, mas juntas chegamos à conclusão que
assim como de tempos em tempos faxinamos nossas gavetas, limpamos, arejamos e eliminamos o que não nos
serve mais... Abrimos espaços para que novas roupas e adornos entrarem em
nossos armários, nos deixando mais bonitas, transadas, rejuvenescidas. Precisamos fazer a mesma coisa em nossa casa
interior.
É
fundamental abrir e arejar as gavetas internas, existem valores, verdades e conceitos a serem reafirmados. Eles até podem
continuar sendo saudáveis e desejados, mas
será que não tem por ali comportamentos automáticos, atitudes e pensamentos
viciosos, crenças que nos colocam para baixo e
faz com que atraiamos as mesmas pessoas e situações para nós? - Isolda Risso.