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domingo, 26 de abril de 2015

"Faxina interna", por Isolda Risso



O telefone toca... Atendo e vou logo dizendo:
- “Oi bela, saudades de você, sua sumida!

Do outro lado da linha uma voz chorosa responde: “Amiga, o que acontece que só atraio homens errados para mim?

Me esforcei para encontrar uma  palavra que pudesse acolher aquele coração sofrido, mas a única coisa que saiu foi :  “não sei ”. Isso é resposta que se dá a uma amiga que busca sua ajuda?

“Adoraria te dar a receita do bolo, ter o poder de sumir com sua dor, mas o que posso é tentar junto contigo entender o que se passa. Da última vez que nos falamos você estava tão feliz, tão confiante na relação. O que houve? Indaguei.

Ainda chorosa, minha amiga  foi relatando sua última frustração amorosa. Conforme a ouvia, a imagem de uma casa em desordem começou a se formar e tomar corpo em minha mente.
Sem pedir licença e ter absoluta  clareza onde eu queria chegar, a interrompi com a seguinte indagação: - Há quanto tempo você limpou sua casa?

- O quê ?
- Há quanto tempo você fez faxina na sua casa?
- “PQP” eu aqui falando algo que está acabando comigo e você vem com essa de  faxinar casa. Que foi, esqueceu de tomar o remedinho?
-Esqueci não, pode brigar comigo, mas antes me responda: “Há quanto tempo você  deu uma geral em casa?
- Muito a contragosto, a bela do outro lado me disse que há mais ou menos três semanas ela e a ajudante colocaram a casa abaixo, deixando tudo absolutamente limpo e organizado. Ela relatou ainda que durante a faxina tirou do armário algumas roupas que não estavam lhe servindo mais, outras que havia enjoado, enfim... essas coisas que fazemos de vez em quando.

“Então, bela, agora me responda: há quanto tempo você não dá uma geral dentro de você”?  Há quanto tempo você não examina suas crenças, revê suas verdades, o que te valia ontem continua valendo para hoje?

Nossa conversa seguiu nessa linha. Eu ouvia e falava, as palavras surgiam meio que instintivamente, sendo útil para as duas.
Não consegui dar uma resposta para minha amiga, mas juntas chegamos à conclusão que assim como de tempos em tempos faxinamos nossas gavetas,  limpamos, arejamos e eliminamos o que não nos serve mais... Abrimos espaços para que novas roupas e adornos entrarem em nossos armários, nos deixando mais bonitas, transadas, rejuvenescidas. Precisamos fazer a mesma coisa em nossa casa interior.

É fundamental abrir e arejar as gavetas internas, existem valores, verdades e  conceitos a serem reafirmados. Eles até podem continuar sendo saudáveis e  desejados, mas será que não tem por ali comportamentos automáticos, atitudes e pensamentos viciosos, crenças que nos colocam para baixo e  faz com que atraiamos as mesmas pessoas e situações para nós? - Isolda Risso.