Fotos: Fafá Santos
A
tecnologia é imprescindível na nossa vida, o bom aproveitamento ou não depende
de quem a usa e de como ocorre essa utilização. E nada substitui o encontro
pessoal, mas a tecnologia é um fator de aproximação. Foram algumas das
conclusões centrais dos participantes do Café com Afeto – encontro filosófico, realizado nesta quinta (30) à noite em Cuiabá, uma realização do Espaço 8, cuja
temática foi “A tecnologia invadindo as relações”. O encontro foi mediado por
Amauri Lobo.
Nós
estamos cabendo nas nossas vidas? Como estamos nos relacionando? Nossa
convivência familiar, como está? Foram perguntas feitas pela idealizadora do
Café com Afeto, Isolda Risso, que também deixou clara a intenção do
encontro: “Não queremos ditar respostas, esse fórum é para incentivar a cada um
encontrar a sua”. Isolda também comemorou o fato do Café com Afeto atrair a
cada edição mais participantes e conseguir cumprir o objetivo de sua criação: o
de promover reflexões aprofundadas sobre o rumo que damos à nossa vida, especialmente nos atentar para não seguirmos a
“manada”, mas termos opiniões próprias.
A
web Publisher Tatiana Kielberman fez um depoimento
carregado de significado. Ela contou que usou a tecnologia de modo diferente
que a maioria. “A tela do computador serviu para mostrar a minha
verdadeira identidade. Na vida real
sempre tive dificuldade de ser quem sou. Imaginem uma criança judia, gordinha,
com deficiência física facial estudando numa escola laica? O mundo era cruel
comigo e eu não conseguia muito lidar com isso. A internet foi um laboratório
fundamental para me posicionar no mundo”, contou Tatiana.
A
psicóloga Hilda Moreira defendeu a tese de que é preciso voltar os holofotes
para a família, para a criatura, “A primeira escola é a família. Acho um
absurdo um integrante conversar com outro pelo watss estando no mesmo espaço”,
disse Hilda. A psicóloga também pontuou que “A luta é de dentro pra fora, o
ideal, no caso dos jovens, é não liberar demais, mas também não proibir”. Hilda
conclamou todos a terem mais intimidade com seus “íntimos”. “Às vezes moramos
na mesma casa e não temos intimidade com o outro, é preciso e urgente
conhecermos em profundidade as pessoas com as quais convivemos”, alertou a
psicóloga.
O
pedagogo convidado Edmundo Souza defendeu que “a tecnologia é realidade, o
problema não está nela, mas dentro de nós, às vezes escravizados pelo excesso
de equipamentos tecnológicos. Estamos condicionados, precisamos voltar a nós
mesmos, não podemos ser passivos diante das informações”, concluiu. Edmundo também ressaltou a importância da
família. A escola ensina a dialogar com
o mundo, mas ética e confiança vem do berço”.
Um
depoimento valioso durante o Café com Afeto foi da educadora Anna Garcia. Ela contou que tinha dificuldade
em fazer seus alunos se concentrarem nas aulas porque eles sempre davam um
jeito de dar uma “espiada” no facebook, no watss, mesmo em plena atividade. Foi
então que ela teve a ideia de usar a tecnologia em favor da didática. “Comecei
a pedir para eles pesquisarem sobre temas relativos à aula na internet, os levei
para o laboratório, passei link de jornais online. O resultado foi muito
satisfatório, usei a internet como aliada, não dá pra concorrer com ela”,
concluiu a professora.
A
imortal da Academia Mato-grossense de Letras, Nilza Queiroz, usou um poema de
Castro Alves para dar a tônica da noite, do que realmente agrega valor
incondicional à vida:
“Oh! Bendito o que semeia
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n'alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar”.