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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Café com Afeto alerta: Na Educação Contemporânea crianças precisam de mais afeto e orientação da família



Com fotos de Rildo Amorim


Foi uma noite célebre no Café com Afeto, a Educação e o Ensino foram apresentados de forma aprofundada, com todas suas nuances, do passado, presente e futuro. Os convidados Gilberto Fraga de Melo, Doutor em Educação, e  a pedagoga Daniele Stefanini emprestaram a vasta experiência deles numa análise criteriosa sobre a Educação na Contemporaneidade, tema da noite.

O apelo, tanto dos palestrantes, quando do público presente, é por uma formação baseada em humanidade, criatividade e sensibilidade. Outro consenso do Café com Afeto é que ética se aprende em casa e que a família anda terceirizando a educação dos filhos para a escola.


O encontro filosófico frisou que o papel da família é educar e da escola é ensinar. “A família precisa colaborar com a educação dos filhos, não lhe cabe somente o papel da cocriação, mas do afeto, do apoio incondicional, da orientação”, enfatizou inúmeras vezes a pedagoga Daniele Stefanini.

O Café com Afeto foi idealizado por Isolda Risso, que realizou sua quarta edição no Museu de Histórico de Mato Grosso. O evento, realizado toda última quinta do mês, é no formato café filosófico, onde os convidados fazem suas ponderações e contam com perguntas do público. “O formato está consolidado, estou muito realizada com os resultados positivos e o nível bom das discussões nestas quatro edições”, comemorou Isolda.

Isolda Risso



Gilberto Fraga fez um relato histórico do acesso à escola no Brasil, destacando que a universalização ao ensino só ocorreu na década de 90, mas lembrou um número preocupante: “No Brasil ainda temos 3% das nossas crianças sem frequentar a escola, o que significa três vezes a população de Cuiabá fora da escola, ou seja dois milhões de pessoas”, informou.

Gilberto Fraga

Educação contemporânea? Na visão de Gilberto Fraga, estão ultrapassados os instrumentos utilizados há mais de século para ensinar nas escolas, tanto públicas, quanto privadas. “Precisamos de mudanças paradigmáticas. Valorizar ao extremo o livro didático acomodou nossos professores, inibiu a criatividade deles, porque ficaram muito apegados ao conteúdo editorial, se distanciando da realidade de vida do aluno”, alertou. Ele também citou a dificuldade dos professores egressos das universidades em fazer a transposição da teoria para a prática.

Dividir os alunos entre os que sabem e os que não sabem foi outra preocupação demonstrada por Gilberto Fraga, que citou Paulo Freire para reforçar sua tese: “O aprender antecede o ensinar”. Para Fraga, o aprender, sempre será o mais importante, deixando claro que o centro das atenções dever ser o aluno e não o professor, como ocorre no formato tradicional do ensino brasileiro.

Como tenho me relacionado como pai e mãe? Assim a pedagoga Daniele Stefanini começou a fala. “Hoje os papéis se inverteram, os filhos são colegas dos pais, não, eles precisam ser amigos e ter uma relação consensual, amorosa e reflexiva”, ponderou. Ela defende uma hierarquia saudável, não uma relação rígida e intransigente.



“Estamos adultecendo nossos filhos e achando bonito. A vida passou a ser um turbilhão para as crianças, se na primeira escola da vida, a família, não nos olhamos e não nos tocamos, como esperar um comportamento adequado na escola tradicional?”, indagou Daniele, que também defende planejamento e rotina para os alunos.

Daniele Stefanini

De toda a intensidade desta edição do Café com Afeto, uma certeza ficou clara: a  boa e próxima convivência com os filhos é fundamental para ajudar a melhorar o ensino. Como bem retratado por um poema de Affonso Romano, intitulado “Antes que eles cresçam”, lido por Daniele Stefanini, que emocionou os convidados.

Alguns dos trechos do poema: “Há um  período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. É que as crianças  crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente.

Deveríamos ter ido mais  vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir  sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, pôsteres e agendas coloridas...
Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto. Por isso, é necessário fazer alguma  coisa a mais, antes que elas cresçam”!


E se eles forem amados plenamente terão uma profissão garantida no futuro: “ser feliz”, desejo revelado pelo Artur, de quatro anos, filhote da Gabriela Mazetti, relato bonito feito no encontro filosófico. O sonho dele foi dito e reforçado várias vezes na escola, com ênfase, ao ser questionado sobre qual profissão deseja ter no futuro. E essa profissão começa agora, antes que eles cresçam!